domingo, 13 de dezembro de 2009

A Biologia da Crença


O cientista que ajudou a revolucionar a biologia, ao examinar as reações químicas nas células apoiado na física quântica, afirma que é a mente que modela a vida das pessoas

Um respeitado pesquisador de células-tronco, o norte-americano Bruce Lipton rompeu as fronteiras da biologia tradicional ao incorporar a ela conceitos da física quântica. Idéias surgidas a partir dessa ótica, como a equivalência da membrana celular ao "cérebro" das células e o controle que o ambiente exerce sobre as células a partir de suas membranas, confirmam a íntima relação mente-corpo e indicam como podemos usar os pensamentos para assumir o controle de nossa vida. Lipton relata sua extraordinária trajetória em "A Biologia da Crença" (Ed. Butterfly), tema da entrevista a seguir.

PLANETA - O que é a "nova biologia" a que o senhor se refere em seu livro?

Bruce Lipton - Quando introduzi esses conceitos, em 1980, quase todos os meus colegas cientistas os consideraram inverossímeis. Mas a profunda revisão que a biologia convencional tem feito desde aquela época a leva hoje às mesmas conclusões a que cheguei 25 anos atrás.

Os cientistas sabem que os genes não controlam a vida, mas a maior parte da imprensa ainda informa ao povo o contrário. As pessoas atribuem inicialmente suas deficiências e doenças a disfunções genéticas. As crenças sobre os genes levam-nas a se ver como "vítimas" da hereditariedade.

Os biólogos convencionais ainda consideram que o núcleo (o componente interno da célula que contém os genes) "controla" a vida, uma idéia que enfatiza os genes como o fator primário desse controle. Já a nova biologia conclui que a membrana celular (a "pele" da célula) é a estrutura que primariamente "controla" o comportamento e a genética de um organismo.

A membrana contém os interruptores moleculares que regulam as funções de uma célula em resposta a sinais do ambiente. Para exemplificar: um interruptor de luz pode ser usado para ligá-la ou desligá-la. O interruptor "controla" a luz? Não, já que ele é controlado pela pessoa que o aciona. Um interruptor de membrana é análogo a um interruptor de luz quando liga ou desliga uma função celular, ou a leitura de um gene - mas ele é, de fato, ativado por um sinal do ambiente. A nova biologia enfatiza o ambiente como o controle primordial na biologia.

Sua teoria também está relacionada à física quântica...

Pela medicina convencional, os "mecanismos" físicos que controlam a biologia se baseiam na mecânica newtoniana, a qual enfatiza o reino material (átomos e moléculas). Já a nova biologia considera que os mecanismos da célula são controlados pela mecânica quântica. Ela se concentra no papel das forças de energia invisíveis que formam, coletivamente, campos integrados e interdependentes.

Para a mecânica quântica, as forças invisíveis em movimento nos campos são os fatores fundamentais que modelam a matéria. Os cientistas também reconhecem que as moléculas do corpo são controladas por freqüências de energia vibracional, de forma que a luz, o som e outras energias eletromagnéticas influenciam profundamente todas as funções da vida.

Entre as forças energéticas que controlam a vida estão os campos eletromagnéticos gerados pela mente. Na biologia convencional, a ação da mente não é incorporada à compreensão da vida. Por isso, é uma surpresa a medicina reconhecer que o efeito placebo responde por pelo menos um terço das curas médicas, incluindo cirurgias. Ele ocorre quando alguém sara devido à sua crença de que um remédio ou procedimento médico vai curá-lo, mesmo se o medicamento for uma pílula de açúcar ou o procedimento for uma impostura.

A nova biologia ressalta o papel da mente como o fator primordial a influenciar a saúde. Nessa realidade, uma vez que controlamos nossos pensamentos, tornamo-nos mestres de nossa vida, e não vítimas dos genes.

Em que a nova biologia difere do darwinismo?

Ela frisa que a evolução não é conduzida pelos mecanismos sublinhados na biologia darwiniana. A teoria de Darwin oferece dois passos básicos para explicar como a evolução ocorreu: 1) mutação aleatória, a crença de que as mutações genéticas são randômicas e não influenciadas pelo meio ambiente - a evolução é conduzida por "acidentes"; 2) seleção natural, na qual a natureza elimina os organismos mais fracos numa "luta" pela existência, na qual há vencedores e perdedores.
Em A Biologia da Crença, Lipton (alto) explica a íntima relação entre mente e corpo e o poder do pensamento na cura.

Novas descobertas oferecem uma imagem diferente. Em 1988, uma pesquisa revelou que, quando estressados, os organismos têm mecanismos de adaptação molecular para selecionar genes e alterar seu código genético. Ou seja, eles podem mudar sua genética em resposta a experiências ambientais. Outros estudos mostram que a biosfera (todos os animais e plantas) é uma gigantesca comunidade integrada que se baseia em uma cooperação das espécies. A natureza não se importa com indivíduos numa espécie, mas com o que a espécie como um todo está fazendo para o ambiente.

Segundo a nova biologia, a evolução: 1) não é um acidente; 2) baseia-se em cooperação. Uma teoria mais recente sobre o tema ressaltaria a natureza da harmonia e da comunidade como uma força motriz por trás da evolução.

Como o senhor concluiu que podemos comandar e mudar nossas células e genes?
Minhas primeiras idéias científicas basearam-se em experiências que comecei em 1967, usando culturas de células- tronco clonadas. Nesses estudos, células geneticamente idênticas foram inoculadas em três placas de cultura, cada qual com um diferente meio de crescimento. Em uma placa, as célulastronco se tornaram músculo; em outra, células ósseas; na terceira, células de gordura. Meus resultados, publicados em 1977, revelam que o ambiente controlou a atividade genética das células.

Esses estudos mostram que os genes propiciam o surgimento de células com "potenciais", os quais são selecionados e controlados pela célula a partir de condições ambientais. As células ajustam dinamicamente seus genes de forma que eles possam adaptar-se às demandas do ambiente.

Mais tarde, descobri que a membrana celular equivalia ao cérebro da célula. No desenvolvimento humano, a pele embriônica é a precursora do cérebro. Nas células e no ser humano, o cérebro lê e interpreta a informação ambiental e então envia sinais para controlar as funções e o comportamento do organismo.

Quem está no comando do nosso corpo?

Nas primeiras semanas do desenvolvimento do embrião, os genes basicamente controlam o desenvolvimento do plano corporal de um humano (criam dois braços, duas pernas, etc.). Uma vez que o embrião toma a forma humana (torna-se um feto), os genes assumem uma posição secundária, controlando o desenvolvimento do corpo pela informação ambiental. Durante esse período, a estrutura e a função do corpo fetal são ajustadas em resposta à percepção do ambiente da mãe, que, via placenta, influencia a genética e a programação comportamental do feto.

A "leitura" dos sinais ambientais (no útero e após o nascimento) capacita as células do corpo e seus genes a fazer ajustes biológicos para sustentar a vida. Como os sinais ambientais são lidos e interpretados pelas "percepções da mente", a mente se torna a força básica que, em última instância, modela a vida de uma pessoa.

Como os campos energéticos controlam a bioquímica do corpo?
As funções do corpo derivam do movimento das moléculas (basicamente proteínas). As moléculas mudam de forma em resposta a cargas eletromagnéticas ambientais. Influências físicas tais como hormônios e remédios podem oferecer essas cargas elétricas indutoras de movimento. Mas campos de energia vibracional harmonicamente ressonantes também fazem as moléculas mudar de forma e ativar suas funções. Enzimas de proteínas podem ser ativadas num tubo de ensaio por substâncias químicas e por freqüências eletromagnéticas, como ondas de luz.

Podemos evitar doenças enviando mensagens positivas para nossas células?

Só 5% das doenças humanas são relacionadas a defeitos genéticos de nascença. Portanto, 95% de nós nascemos com um genoma adequado a uma vida saudável. Para os doentes dessa maioria, a pergunta é: por que estamos tendo problemas de saúde? Reconhece-se hoje que o estilo de vida causa mais de 90% dos problemas de coração, mais de 60% dos casos de câncer e, talvez, todos os casos de diabete tipo 2. Quanto mais olhamos, mais vemos como nossas emoções, reações à vida, dieta pobre, falta de exercício e estresse modelam nossa vida. Como temos um controle significativo sobre nosso organismo, podemos reprogramar a saúde e a vida com nossas intenções. Se de fato soubessem como o seu organismo funciona, as pessoas poderiam influenciar sua saúde, e isso seria o melhor preventivo para a doença.

É possível remodelar nossos pensamentos mais profundos?

O problema é que não entendíamos como a mente trabalha. Temos duas mentes, a consciente e a inconsciente. Associamos a primeira à nossa identidade pessoal - é a mente pensante, racional. A mente subconsciente opera sem a supervisão da consciente - é a "mente automática". Se as crenças da mente subconsciente conflitarem com os desejos da mente consciente, quem ganhará? A resposta é clara: a mente subconsciente, pois ela é uma processadora de informações um milhão de vezes mais poderosa do que a outra e, como os neurocientistas revelam, opera em torno de 95% do tempo.

Pensávamos que se a mente consciente se tornasse cônscia de nossos problemas, automaticamente corrigiria quaisquer programas negativos descarregados na mente subconsciente. Mas isso não funciona, porque a mente subconsciente é como um gravador - ela grava comportamentos (os fundamentais, na maioria, são armazenados antes dos seis anos de idade) e, ao se apertar um botão, o programa será repetido incontáveis vezes (hábitos). Não existe uma "entidade" na mente subconsciente que "ouça" o que a mente consciente quer.

Pensamentos positivos funcionam quando a meta desejada é apoiada pelas intenções da mente consciente e pelos programas da mente subconsciente. Quanto a isso, existem três maneiras de mudar crenças velhas, limitantes ou sabotadoras na mente subconsciente: a meditação budista mindfulness, a hipnoterapia clínica e a chamada "psicologia da energia". Todos esses métodos são discutidos na seção "Resources" do meu site (www.brucelipton.com).

Fonte: http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/428/artigo89544-1.htm

domingo, 6 de dezembro de 2009

Meditação desacelera o avanço da AIDS


A meditação pode brecar o avanço da Aids depois de apenas algumas semanas de prática, talvez por ter influência no sistema imunológico do paciente, afirmaram pesquisadores norte-americanos da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

As células CD4 T ou, mais tecnicamente, linfócitos CD4+ T, são os "cérebros" do sistema imunológico, coordenando sua atividade quando o corpo se encontra sob ataque. Elas são também as células que são atacadas pelo HIV, o devastador vírus que causa a AIDS e que já infectou perto de 40 milhões de pessoas ao redor do mundo. O vírus lentamente destrói as células CD4 T, enfraquecendo o sistema imunológico.

Mas o sistema imunológico dos pacientes portadores de HIV/AIDS se depara também com um outro inimigo - o estresse, que pode acelerar o declínio das células CD4 T.

Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, anunciaram que a prática da meditação da consciência plena parou o declínio das células CD4 T em pacientes HIV-positivos sofrendo de estresse, diminuindo a progressão da doença. O estudo acaba de ser disponibilizado na edição online do jornal médico Brain, Behavior, and Immunity.

Meditação da consciência plena

A meditação da consciência plena é a prática budista de induzir uma consciência aberta e receptiva ao momento presente, evitando pensar no passado ou se preocupar com o futuro. Acredita-se que ela reduza o estresse e melhore a saúde em pacientes sofrendo de diversas doenças. "Este estudo oferece a primeira indicação de que lidar com o estresse por meio do treinamento da meditação da consciência plena pode ter um impacto direto em desacelerar a progressão do HIV," diz o coordenador do estudo, David Creswell. "O programa da consciência plena é um tratamento em grupo e de baixo custo, e se a descoberta inicial for replicada em amostras maiores, é possível que esses treinamentos possam ser utilizados como um poderoso tratamento complementar para os doentes pelo HIV, juntamente com as outras medicações."

Quanto mais meditação, melhores os resultados

Creswell ressalta também que os pesquisadores descobriram uma relação "dose-resposta" entre as sessões de meditação e as células CD4 T, significando que, segundo ele, "quanto maior o número de sessões de meditação que as pessoas participaram, maior é o nível das células CD4 T na conclusão da pesquisa". Os pesquisadores também ficaram entusiasmados porque os efeitos globais das células CD4 T permaneceram mesmo depois do controle de vários fatores que poderiam ter influenciado nos resultados do estudo. Mais notavelmente, eles descobriram efeitos protetores equivalentes para os participantes estando eles sujeitos ou não a medicações anti-retrovirais para o HIV. Mesmo participantes tomando medicações contra o HIV apresentaram o efeito de manutenção das células CD4 T depois das sessões de meditação da mente alerta, diz Creswell. A equipe examinou 67 adultos HIV-positivos da área de Los Angeles, 48 dos quais realizaram algum tipo de meditação. A maior parte deles tendia a conviver com rotinas bastante estressantes, afirmou Creswell. "A maioria dos participantes do estudo era do sexo masculino, afro-americanos, homossexuais e desempregados e não estavam tomando remédios anti-retrovirais".

Há evidências vindas de outros estudos que mostram que programas comportamentais de tratamento do estresse podem estacionar o declínio do HIV em pessoas HIV-positivas, acrescenta Creswell. E, embora tenha havido um aumento exponencial no interesse pela prática da meditação da consciência plena no ocidente ao longo dos últimos 10 anos, disse ele, este é o primeiro estudo que demonstra um efeito protetor do treinamento da meditação da mente alerta contra o HIV. A fim de entender os benefícios à saúde da meditação da consciência plena, Creswell e seus colegas estão agora examinando os mecanismos por meio dos quais a meditação reduz o estresse, utilizando imagens do cérebro, genética e medições do sistema imunológico. "Dados os benefícios da meditação sobre a redução do estresse, estas descobertas indicam que ela pode ter um efeito protetor da saúde não apenas em pessoas com HIV, mas em sujeitos que sofrem de estresse diário," diz Creswell.

Fonte: http://www.saindodamatrix.com.br